Um mandamento esquecido
- Karla Peluci

- 17 de out. de 2022
- 10 min de leitura

A Biblia, o manual da vida, nos ensina tantas coisas...e se soubéssemos o quanto ir contra ela interfere diretamente nos resultados de nossa vida, tomaríamos mais cuidado com o que sai da nossa boca, com as nossas ações diarias.
O puritano Thomas Brooks (1608–1680) disse que “nós conhecemos os metais pelo som que produzem e os homens por aquilo que falam!”. Jesus disse que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34). As palavras que saem da boca de um homem são uma expressão bem clara de quem ele é de fato. Deus se preocupa muito com as palavras que saem da nossa boca, por isso nos deu o nono mandamento – “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”.
O nono mandamento deve orientar todas as relações possíveis que tivermos com o nosso próximo,na sociedade, no tocante à busca pela verdade e às palavras. Da mesma maneira, como muitos usam a língua para amaldiçoar, Deus deseja usar a nossa boca para alcançarmos as nações com a sua palavra, com seus princípios. A nossa missão como cristãos é essencialmente executada por meio de palavras.
Mas infelizmente o que vemos hoje é uma sociedade, de cristãos e não cristãos, que tem prazer em caluniar, difamar e disseminar o ódio...ainda que sejam mentiras, essas pessoas estão dispostas a carregar essa sórdida missão onde seu único enlace é estar em concordância com sua origem, o pai da mentira: satanás.
A mentira surgiu bem cedo na história da humanidade. Satanás, pai da mentira (Jo 8.44), no Éden, disse a primeira mentira registrada na Bíblia. Primeiro com uma indução (“É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?”, Gn 3.1) e depois com a mentira propriamente dita (“É certo que não morrereis”, Gn 3.4). Os nossos primeiros pais caíram em pecado justamente por não acreditarem nas palavras de Deus e sim nas mentiras proferidas pelo diabo.
E nós sabemos que a mentira não deve fazer parte da nossa vida. Ele ordenou: “…nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo” (Lv 19.11). “Os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR” (Pv 12.22). Temos de abominar e detestar a mentira (Sl 119.163), rogando ao Senhor que a afaste de nós (Pv 30.8). Aprendemos este princípio desde pequenos, a mentira vem sendo exortada de geração em geração.
O nosso compromisso precisa ser com a verdade, e não precisa ser cristão para entender isso. Este princípio bíblico, é ate hoje aplicado em qualquer esfera, em qualquer canto do universo.
"Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos” (Cl 3.9; cf. Ef 4.25).
Vamos saber mais sobre o que este mandamento significa.
Falsos juízos e calúnias - Não devemos prejudicar a boa reputação do nosso próximo com juízos falsos, especialmente em público. Em Levítico 19.15, lemos: “Não farás injustiça no juízo: nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao rico: com justiça julgarás o teu próximo”. Esse mandamento nos alerta para a cautela com a qual devemos abrir a nossa boca para nos referir ao nosso próximo. Devemos ter cuidado redobrado ao denunciar alguma pessoa, seja ela quem for, não importa, pois não podemos ajudar a condenar alguém levianamente, ainda mais sem o ter ouvido primeiro. Deus não deixará impunes os caluniadores. Essa verdade é reiterada no livro de Provérbios: “A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras não escapa” (Pv 19.5). Deus abomina a “testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos” (Pv 6.19). O verdadeiro homem de Deus “… não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho” (Sl 15.3).
Boatos falsos, fofocas, tagarelices - Todo tipo de boato sem fundamento, fofocas e conversas infrutíferas sobre alguém que visam prejudicar a reputação do próximo são formas de quebrar o nono mandamento. A Escritura alerta: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tg 4.11). Em outro lugar, ordena: “não difamem a ninguém, nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens” (Tt 3.2). Salomão disse que “o homem perverso espalha contendas, e o difamador separa os maiores amigos” (Pv 16.28).
Em Levítico, lemos: “não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo” (Lv 19.16). Não nos enganemos, “as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co 15.33). Quanto mais a nossa boca se abre para falar coisas contra o próximo, mais destruímos a eles e a nós mesmos. Devemos tomar muito cuidado com as conversas que temos uns com os outros. Quais são as palavras que provém da nossa boca quando estamos falando do nosso próximo?
Insultos, xingamentos, maledicências - Outra maneira de destruir a imagem do próximo diante das pessoas é por meio de insultos. Quanto a isso, note as palavras de Jesus no sermão da montanha: “… todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5.22). Nesse texto vemos a importância que o nosso Salvador dá a nossa maneira de falar uns com os outros. Ele proíbe o insulto, pois ele é figuradamente uma forma de assassinar um indivíduo.
Jesus faz referência a um insulto comum naquela época, que foi traduzido para o português por “tolo”. A palavra original é racá. Essa expressão traduz todo o espírito do insulto, pois significa dizer que o outro é um “nada”. Pare, pense e analise se todos os palavrões de hoje em dia não se baseiam nesta intenção: dizer que o outro não vale nada. Sem dúvida isso se encaixa no que é conhecido como bullyng, isto é, qualquer ato de violência física ou psicológica intencional e repetido por uma ou mais pessoas gerando dor e sofrimento em outra pessoa.
Mas quais são nossos deveres quanto ao nono mandamento de Deus?
Amar e falar a verdade - Uma maneira de evidenciar nossa obediência a Deus quanto ao nono mandamento é amar sempre a verdade. A carta aos Coríntios nos lembra de que o amor “não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1Co 13.6). Quem ama de fato a Deus e ao próximo como a si mesmo deve ter sua real satisfação em falar a verdade.
Devemos falar a verdade porque somos um único corpo, isto é, membros uns dos outros. Mentir para o próximo é mentir para nós mesmos, é autoengano. Logo, falar a verdade é estar cada vez mais íntimo do meu próximo e mais pessoalmente lúcido. “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Ef 4.25).
Temos a responsabilidade de pensar muito bem na hora de escolher nossas palavras. Nenhuma torpeza deve estar em nossa língua, mas sempre palavras que irão transmitir a verdade e a graça de Deus para as pessoas. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Ef 4.29).
Falar a verdade como um hábito é um sinal de que realmente Jesus Cristo nos salvou dos nossos pecados e o seu Espírito habita em nós, pois ele é a própria Verdade. O apóstolo diz: “Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.9-10).
Jesus também diz no sermão do monte que o discípulo deve ter postura e falar sempre a verdade: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mt 5.37). Temos glorificado a Deus falando as suas verdades uns com os outros? Temos usado nossa boca, nossos meios de comunicação para disseminar o amor e a verdade?
Zelar pela boa reputação do próximo - Como nós podemos zelar pela reputação do nosso próximo? Devemos sempre reconhecer os seus dons e graças oferecidos por Deus, defender sua inocência e receber prontamente boas informações a seu respeito, rejeitando as que são maldizentes”.
Muitas vezes somos velozes para espalhar as falhas dos outros, mas lentos para promover as suas boas obras. Em Romanos 1.8, lemos que Paulo tomou conhecimento e se alegrou pelo estado da igreja de Roma, porque em todo o mundo era proclamada a fé dos cristãos romanos. Na mesma carta o apóstolo ensina que devemos nos “alegrar com os que se alegram” (Rm 12.15).
Paulo alegrou-se com os tessalonicenses, em como eles se tornaram o modelo de fé para as igrejas da Macedônia e da Acaia, pois “por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus” (1Ts 1.8). Os crentes das regiões citadas proclamavam a fé dos tessalonicenses e isso encheu de alegria o coração de Paulo. Da mesma maneira, nós devemos proclamar as virtudes uns dos outros, pois assim queremos que se faça conosco.
Além disso, defender os irmãos quando sofrem injustiças, é outra maneira de obedecer ao nono mandamento. Somos chamados a defender a verdade de Deus, a defendermos uns aos outros e não nos calarmos diante de mentiras que proferirem contra nós, em especial contra a igreja de Cristo.
Jesus transparece a prática de zelar pela reputação dos nossos irmãos quando nos ensinou a corrigir um irmão em pecado: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão” (Mt 18.15). Não devemos expor os pecados dos irmãos, a menos que eles permaneçam no pecado, impenitentes, e, mesmo assim, somente após duas tentativas sem sucesso. Agora, qual tem sido nosso hábito? O de falar das boas obras uns dos outros ou apenas de suas falhas?
Domínio próprio - Uma das virtudes cristãs que mais está relacionada ao nono mandamento é o domínio próprio (Gl 5.23). Quando Cristoestá em nós, nosso corpo passa a ser dirigido por ele, principalmente a nossa língua. O novo elemento que o cristão recebe de Deus para lidar com a sua língua é exatamente o poder de autocontrole.
Tiago mostra a dificuldade que o homem tem de dominar a sua língua: “… a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero” (Tg 3.8). No entanto, ele também diz que não há razão para o cristão desobedecer ao nono mandamento. A figueira não produz azeitonas, a videira não produz figos e a fonte de água doce não jorra água salgada (Tg 3.12). Por meio dessas figuras, ele conclui que o cristão regenerado pode, sim, domar a sua língua. Caso contrário, como é possível com uma boca bendizermos a Deus e com a mesma boca amaldiçoarmos os homens, criação de Deus? Ou fazemos uma coisa ou outra. Vamos pensar sobre isso. Temos conseguido domar a nossa língua?
Por fim, desafio você, que se dispôs alguns minutos para ler esta reflexão, a se monitorar, a se sondar diariamente e questionar se realmente vale a pena ser um promotor do caos, promotor de mentiras, ódio e calúnias.
Vimos que quando seguimos neste caminho as promessas espirituais que estariam reservadas a você, não fluem:
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações;
Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma. … Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.” Tiago 1:2-4,12.
O fim não é bom, não é agradável:
Deus é bom para Israel — Os iníquos e os ímpios que "prosperam" neste mundo — Eles serão consumidos de terrores na vida futura. Salmos 73
Não te irrites por causa dos malfeitores,
nem tenhas inveja dos que procedem mal,
porque cedo serão ceifados como o feno
e como a erva verde murcharão. Salmos 37.1 e 2
Busque o caminho da verdade, busque o que Deus tem ensinado a milhares de anos através da sua palavra, nas escrituras. Temos um manual perfeito que nos leva a trilhar o caminho de paz e prosperidade.
Salmos 37 - O destino dos bons e dos maus (leia)
NÃO te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade. Porque cedo serão ceifados como a erva, e murcharão como a verdura. Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará. E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia. Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos. Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes de forma alguma para fazer o mal. Porque os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra Pois ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar, e não aparecerá.
Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz. O ímpio maquina contra o justo, e contra ele range os dentes. O Senhor se rirá dele, pois vê que vem chegando o seu dia. Os ímpios puxaram da espada e armaram o arco, para derrubarem o pobre e necessitado, e para matarem os de reta conduta. Porém a sua espada lhes entrará no coração, e os seus arcos se quebrarão. Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios. Pois os braços dos ímpios se quebrarão, mas o Senhor sustém os justos. O Senhor conhece os dias dos retos, e a sua herança permanecerá para sempre. Não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão. Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros; desaparecerão, e em fumaça se desfarão. O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá. Porque aqueles que ele abençoa herdarão a terra, e aqueles que forem por ele amaldiçoados serão desarraigados. Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão. Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão. Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada. Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre. Porque o Senhor ama o juízo e não desampara os seus santos; eles são preservados para sempre; mas a semente dos ímpios será desarraigada. Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre. A boca do justo fala a sabedoria; a sua língua fala do juízo. A lei do seu Deus está em seu coração; os seus passos não resvalarão. O ímpio espreita ao justo, e procura matá-lo. O Senhor não o deixará em suas mãos, nem o condenará quando for julgado. Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e te exaltará para herdares a terra; tu o verás quando os ímpios forem desarraigados. Vi o ímpio com grande poder espalhar-se como a árvore verde na terra natal. Mas passou e já não aparece; procurei-o, mas não se pôde encontrar. Nota o homem sincero, e considera o reto, porque o fim desse homem é a paz. Quanto aos transgressores, serão à uma destruídos, e as relíquias dos ímpios serão destruídas
Mas a salvação dos justos vem do Senhor; ele é a sua fortaleza no tempo da angústia. E o Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto confiam nele.




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