Quietude (reflexão sobre a quarta-feira do Espião)

Na alvorada da quarta-feira Santa, um dia antes da Páscoa e dois dias antes da crucificação de Jesus, o plano de Deus para a redenção da humanidade estava chegando ao seu momento mais crucial.

A quarta-feira Santa não é um dia em que os autores dos evangelhos se debruçam muito. Parece ser um dia relativamente tranquilo na vida de Jesus, sem eventos muito marcantes.

Lucas aponta de maneira geral que todos os dias Jesus ensinava no templo, e a noite saía para o monte chamado Monte das Oliveiras. No entanto os movimentos específicos de Cristo não são descritos em detalhe.

Após uma entrada triunfal emocionante no domingo, seguido pelas mesas viradas na segunda-feira e os intensos confrontos verbais na terça-feira, a quarta-feira traz uma sensação delicada - quase frágil - de pausa.

A medida que a hora da redenção se aproximava, a quarta-feira santa ofereceu a Jesus e seus seguidores a oportunidade de respirar, refletir sobre tudo o que aconteceu e se preparar para o que viria a seguir.

Com a profundidade da Última Ceia preparada para o dia seguinte, o dia de hoje nos convida a fazer uma pausa, e a refletir sobre a importância do fim de semana que temos pela frente.

Porém, existe um outro aspecto na quarta-feira santa que também merece a nossa atenção. Enquanto Jesus, nosso Rei, passava este dia em preparação e relativa calma, ao mesmo tempo, havia alguém com intenções menos nobres trabalhando nas sombras...com uma agenda muito mais sinistra.

Na passagem de Mateus 26.14-16, relata que um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes e perguntou: " "Quanto me darão se eu o entregar a vocês?" E eles lhe pagaram trinta moedas de prata. A partir de então Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

Os atos de Judas explicam por que algumas pessoas referem-se a este dia como a "quarta-feira do espião". De acordo com a interpretação tradicional da Bíblia, a Quarta-feira Santa também é o dia em que Jesus foi ungido com nardo durante uma refeição (Mateus 26:6–13). Uma maneira comum de honraria aos mestres da época, Maria de Betânia, mesmo não tendo claro os dias que precediam a crucificação, fez um gesto de devoção na preparação dele para a sepultura.

Em paralelo a este fato, ocorre uma conspiração de Judas com as autoridades locais para trair Jesus. É um momento crucial e trágico desta traição que prepara o ambiente para os surpreendentes acontecimentos que virão.

É o que marca este dia como um dia de profundos contrastes.

Enquanto Jesus se preparava para dar sua vida, Judas estava focado em como receber alguma vantagem. Enquanto Jesus seguia obedientemente a vontade de seu Pai, Judas optava pela rebeldia. Enquanto Jesus escolhia um caminho de gloria, Judas escolhia um caminho de dor e sofrimento.

Na quarta-feira do espião, nos é apresentada a obediência perfeita de Cristo e a rebelião pecaminosa do homem. Este contraste nos chama a uma pausa reflexiva.

Quais estão sendo as nossas escolhas? Estamos escolhendo o caminho da obediência ou da rebelião?

Estamos nos preparando para trilhar um caminho de glória ou um caminho de dor?

À medida que nos aproximamos da cruz, analise sobre como esta sua relação com Jesus. Onde você se encontra? Conectado a Ele ou desconectado?

Esta é uma semana de suma importância para realizarmos uma autognose, que significa um autoconhecimento sobre como está o nosso relacionamento com Cristo, o entendimento de seu sacrifício na cruz, o significado desta data, a representação que ela traz.

Permita-se parar alguns minutos do seu dia para refletir, hoje é uma excelente oportunidade para se reaproximar e se conectar com seu Salvador.

Olhar pra dentro de nós, diagnosticar os contrastes, buscar os ajustes em nossa alma, deixar as más escolhas na cruz.

texto original via glorify com adaptações e reflexões de minha autoria

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